Antes do isolamento social, eu tinha uma vida um tanto boemia. Saía do meu trabalho direto para o bar e me sentia bastante confortável. Mas com pouco mais de um mês confinada em casa e sabendo que não irei retomar a minha rotina por um bom tempo, mesmo depois da flexibilização da quarentena, tenho planos de como iriei me ocupar no tempo livre pós-pandemia.
Antes vou falar algo bem íntimo e previsível. Fazia tempo que não aproveitava somente a minha companhia. Voltei a velhos hábitos que tinha quando era somente uma adolescente e isso me assustou um pouco. Eu mudei tanto. Costumava me sentir bem sozinha neste mesmíssimo quarto. Antes de dormir, eu sonhava e imaginava coisas. Hoje ainda rola, mas são sonhos cínicos. Eu estou muito mais cínica.
Não é que eu queira retomar a atitudes de cinco ou sete anos atrás. Eu mudei mesmo. Mas tem coisas que me fizeram um bem danado. Em 2013, por exemplo, estive muito mais próxima do cinema. Ia quase sempre assistir a filme sozinha e me sentia tão bem. Até 2017, eu viajava só e tinha dinheiro para isso. Hoje as dívidas me consomem e cinema só rola quando tem alguma sessão especial e olhe lá.
Eu vejo que muitas pessoas estão fazendo planos de aglomerações e sonhando com o calor humano, mas isso não teremos por um bom tempo. Eu já estou mais acostumada ao espaçamento. Sinto falta de estar de braços entrelaçados com meus amigos, é obvio. De dar beijinhos no paquerinha, nem se fala. Mas surpreendentemente me sinto bem longe dessas sensações. Inclusive não esperava uma readaptação ao isolamento tão ligeira assim.
Listinha a ser seguida pós-pandemia, por enquanto:
1) Não recusar o karaokê dia de quinta-feira e nem o Ô de Casa às sextas, quando voltarmos a frequentar com segurança os bares.
2) Chega de negar amor.
3) Bike aos finais de semana.
4) Mochilão Argentina/Uruguai/Paraguai/Bolívia.
5) Aprender a abraçar, principalmente as pessoas que amo.
Texto escrito por Ananda Omati.