top of page
Buscar
Foto do escritorEquipe Malamanhadas

Ausenta-te

Jardim de Paris, 29 de agosto de 2011.

   

Pai,

    Sei que há anos não vens visitar nem a mim e nem aos meus irmãos, porém creio que talvez ainda lembre de nossa casa. Recordas dos dois canteiros de flores que construíste aqui no pátio? Pois bem, aquelas florezinhas rosa que plantaste nestes canteiros continuam a aparecer periodicamente. Na verdade, isso é um mistério, pois anos atrás as flores pararam de nascer e só apareceu mato. Contratamos um jardineiro, que retirou tudo do canteiro – mato, folhas secas, areia -, e em seguida encheu-os de adubo e novas florezinhas. Algumas vingaram, outras não. E para nossa maior surpresa, aquelas florezinhas que plantaste anos atrás voltaram a aparecer. Às vezes elas aparecem nos canteiros, noutras no meio do jardim, e até mesmo lá no quintal (Isso mesmo. No quintal, atrás de casa!).

     Portanto, pai, escrevo-te pedindo encarecidamente que pares de aparecer. Se não ligas, não escreves, e nem atende nossos telefonemas ou responde nossos e-mails, porque insiste continuar aparecendo no nosso pátio, no nosso jardim, no nosso quintal?! As flores podem ser lindas, mas é demasiadamente doloroso abrir a janela, vê-las e saber que um dia elas foram plantadas por você.

    Queria tanto elas desaparecessem tal como você!

   Retire a sua marca desta casa, por favor. Uma vez que fostes embora e te manténs ausente por todos esses anos, por gentileza, ausenta-te por completo.

     Sua filha.


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page