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  • Foto do escritorEquipe Malamanhadas

A tristeza quase mata, quase

Tem uma tristeza que a gente sente e que é só da gente e, às vezes, nem dá no papel. Tem uma tristeza que a bebida não cura, que os amigos não entendem porque nem mesmo quem sente sabe de onde vem. O estômago está cheio, as perspectivas não são das piores, quem sabe até boas. Mas alguma coisa está fora do lugar. Pode ser que seja o coração, ou pode ser que seja falta de vontade. Um emaranhado dificultando a respiração - a passagem do ar interrompida.

A vontade move o mundo, multiplica as pessoas, transforma matérias-primas, a vontade é quem faz a gente levantar todo dia para um novo dia. Às vezes ela some, desaparece, silencia. Não está debaixo da cama junto com o par de sapatos já quase esquecidos, não está na gaveta, não está no banheiro tomando uma ducha gelada, nem se contenta com um café quentinho. A vontade escafedeu-se.

Uma tristeza tão triste quem nem se desenha nos olhos, fica escondida no meio silêncio entre as palavras, no choro que quase não vem.

Só uma vontade meio morna de ficar fincado ao chão. Uma labirintite emocional, se balançar muito cai. E a queda é feia. Uma tristeza tão triste quem nem se desenha nos olhos, fica escondida no meio silêncio entre as palavras, no choro que quase não vem. Essa tristeza é um quase. Quase feliz, quase infeliz, quase. Meio tanto faz. Não tem graça, nem espanto. Tudo está parado num desejo de ficar ainda mais parado. Pés parecem tijolos, o corpo padece estabilizado e corpo é delírio. Mas nada responde, não há estímulo que vença.

Essa tristeza é besta, de dar vergonha. Não tem motivo, mas é um pouco de tudo. Um quase tudo, quase nada. Uma coisa meio incerta. Que não cabe nessas frases, que não suporta rima. Uma tristeza que não quer ser verdade, ela apenas é o que é. Uma bagunça, uma coisa que parece não querer ir, mas uma hora vai. Que está fora e dentro do peito. Essa tristeza mata. Mata a vontade.



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